terça-feira, 30 de junho de 2009

Mr. Flappers, the writter, strikes again!



“There some things in this life won´t be denied

Won´t be denied”




Pois é.

Muitas vezes as melhores citações vem de onde menos se espera.

Assim como as mais preciosas pérolas, as mais belas flores, os maiores amores.

Esta citação acima é de “Swear It Again”, canção do repertório da banda irlandesa Westlife.

Vi o vídeo algumas vezes no hoje extinto Disk MTV.

Canção bonitinha, simples e condizente com as canções bonitinhas, simples e condizentes com as pretensões de bandas como Westlife.

Mas estes versos ficaram na minha cabeça.

São sábios.


Desde que me lembro por gente, sempre gostei de uma caneta e papel na mão.

Já lia revistinhas desde muito cedo.

E antes dos dez, já lia o jornal todo, todos os suplementos.

E as revistas de adultos.

E um pouco depois, comecei a escrever.

Rascunhos, tímidos e desordenados, como faz uma criança, como faz um adolescente, como faz um iniciante.


Com o tempo, comecei a perceber que isso poderia render de fato e que se me dedicasse, poderia ser bom.


Aí...


Atalhos.

Mudanças.

Turbulências.

Tempo.


Não segui oficialmente nem academicamente a área.

Tolice plena.

Não que seja fundamental.

Mas ajudaria muito mais o processo todo.


E com o tempo, permaneceu.

É uma das coisas mais estáveis, leitura e escrita.

Sou um homem de coisas perenes, “que persistem, que perduram...”


Com o admirável mundo novo da Internet, isso se transformou, se reconfigurou, se potencializou.

Sempre fui muito perfeccionista.

Isso pode ser salutar, mas também paralisador.

Contudo, é uma necessidade, que por muitos fatores foi relegada a segundo plano, tratada com muito menos nobreza do que merece.


Há um mês um fato muito surpreendente, inesperado, inédito, raro, intenso e verdadeiro, inquestionavelmente verdadeiro, ocorreu.

Surgiu, quando menos esperava, quando nem desejava, quando não poderia imaginar.

E me trouxe de volta inspiração.

E me fez voltar a escrever, num hiato que – pasmo – percebo durou quase dois anos.


Este fato causou uma necessária pausa.

Uma pausa para reflexão, dessa vez para mim.


E muito mais, uma longa jornada Flapp adentro.

Profunda, difícil, muito além do fato surpreendente, inesperado, inédito, raro, intenso e verdadeiro, inquestionavelmente verdadeiro e seus desdobramentos ainda inconclusos.


Mas o processo é irreversível.

E fico feliz!

Pois muitas pessoas levam a vida inteira sem nem saber o que é isso.

Como é importante, como diria Mestre Camelo, ir além do que se vê.


“Há algumas coisas nessa vida que não serão negadas

Não serão negadas


Isso aqui ficará cada vez mais confessional.

Muito.

E um retorno sincero de todos que passarem por aqui é mais que importante; é fundamental.


Pois que é mais que um meio de arte, um laboratório de idéias, um exercício literário.

É vida vivida!


segunda-feira, 22 de junho de 2009

Criogenia




Este poema logo abaixo, "Criogenia", não foi escrito por mim.

Foi escrito por minha amada.

A pessoa que mais pode falar sobre mim.

A única pessoa que me conhece de verdade, por inteiro.

Minha amiga e companheira, minha parceira por quatro anos, meu grande encontro de vida.

Meu Grande Amor.

Hoje, o namoro acabou.

O romance acabou.

Mas não o amor.

Hoje, minha amiga, minha irmã.

Minha conselheira.

Te amo.

Sempre te amarei.

Estarei sempre contigo.


Ninim,

Obrigado por tudo.

Por cada segundo e por toda a eternidade.

Estarei sempre contigo.





Criogenia



Você segue ao longo do tempo que passa
Congelado
Dentro do seu peito
E assim aguarda.
O grande instante de sua vida:
Pisar o Sol;
Tornar-se guarda
De seu amor-perfeito.

Você permanece enquanto o vento passa
Animando
Seus cabelos pretos,
Assim parado.
Como fundo a praia morta,
Um céu de cinzas
De outro incêndio
Que não aquele que é o seu.

Em sua frente um grande nimbus explode, vertical.
Dentro de si tão violentamente...
Impondo sobre o azul e o azul cinza e caos.
Para o resto do mundo
Lenta e calmamente, surge e se desfaz.

Um curto-circuito, sinal vermelho, mais um basta.
Vira-se violentamente sem despedir-se do dia que dá adeus.
Uma chama se apaga, o peito se acende.
Tira força da raiva e toma o que é teu,
Tira força daquilo que tira o que é teu.
A rua se enche de carros, pessoas e sons, conversas, mentiras, buzinas...
E teu grito de mudança sai no mesmo instante
Que grita o apito do guarda da esquina.
Grita mais alto! Apita mais alto!
O Sol se esconde no escuro.
A luz se esconde no escuro.
A rua fica verde,
A vida segue seu fluxo.

(E guarda na memória de teu grande coração
Tudo o que aprendeu a sentir
E não se cala diante o silêncio do mundo
Às vezes com um grito abafado,
Outras vezes com um gemido profundo.)

domingo, 21 de junho de 2009

No Surprises



E então, o homem busca refúgio em um futuro seguro, em um mundo virtual e cibernético, onde os valores perdidos reinventam-se com códigos próprios. O futuro não é mais uma incógnita, já chegou e está ao alcance de nossa mão. Nossas inquietações é que não deixam de existir, pois continuamos humanos, demasiadamente humanos, embora funcionemos como máquinas programadas com chips. O cansaço chegou à estratosfera, o coração está devastado, as feridas ardem e não cicatrizaram. Pode imaginar um lugar agradável e familiar para viver. Em meio ao frenesi robótico e anestesiante, há uma necessidade de compreensão, de cuidados especiais.
Não mais as dúvidas e incertezas do início...
Não mais a paixão e o domínio dos sentimentos...
Não mais o medo e o fim da extinção...
O homem enfrenta aqui uma nova etapa, que é derivada de todas as anteriores. Renasce rapaginado, como se procurando o seu lugar, como que desconhecendo o território, que não é mais nenhum dos anteriores. Procura um lugar escuro e tranquilo para se refazer. Em meio a luzinhas, submerge em um mundo de vidro, seguro e artificial como um aquário. Só que não pode mais nadar no líquido amniótico... pois não pode mais voltar para o ventre materno. Dá uma pausa e toma um gole de ar, precisa respirar. E logo depois emerge, mas continua no escuro, de onde veio, anda procurando um lugar para chamar de seu.
Fecha o ciclo da vida. Que, paradoxal, não pode ser fechado, pois é infindo.
Só lhe resta seguir procurando.
E continuar.


domingo, 14 de junho de 2009

Vorazmente Sobre Mim



Arraste seus lábios por todo meu corpo
Sorva-me devagar, saboreie cada pedaço
Desloque meu queixo, deixe meu pescoço torto
Desabe em meu colo, construa meu abraço

Misture-se em mim
Misture-se em mim

Até que nosso cheiro entorpeça toda a cidade
Até que minha nuca perca a sensibilidade
Até que desafiemos a lei da gravidade

Até que nossos fluidos, fluentes como um rio
Formem uma poça viscosa no chão frio

Misture-se em mim
Misture-se em mim

Até que eu não tenha mais noção
De onde é meu começo e meu fim.


quarta-feira, 10 de junho de 2009

Unos, duos



... e ela foi-se de vez! Há dois verões desprendeu-se de tudo o que nos tornava indissolúveis e deixou-me vagando em um vácuo inexplicável. Claro que eu já tinha sido preparado; claro que ensaios aconteceram; sim! Não posso dizer que tenha sido pego de surpresa; havia um pressentimento inabalável de que tudo terminaria assim. Contudo, nunca estamos preparados para a hora decisiva; se possível, pretenderíamos prolongar ao máximo o ensaio que precede a ação. Reter o frescor dos melhores momentos, guardar o melhor para o fim e, num anseio supremo e desesperado, reverter o irreversível. Tudo em vão. O fim, quando tão claramente identificável, já chegou.

São sete e quinze da manhã e eu olho para o mar. O mar que divides comigo. O mar que já foi tão meu... Novamente meu mar! Meu novo mar. E amar. Deixo-me vagar, pela manhã, a jovem, junto a ti, ao cheiro do mar. Sinto a maresia acariciando o teu rosto inocente e ainda torpe pelo sono. O meu sono é irrelevante, perante esse testemunho matinal. Não creio que alguém possa começar o dia mais pleno de vida.

Essas duas histórias, tão díspares e tão próximas, pois que tratam do mesmo, pois que tratam de mim, alternam-se de forma precisa, cristalina, quase cruel. Pois é a sua imprevisibilidade, sem qualquer preparação, que torna tudo tão singular – e ainda incerto para mim.

Desde que ela fez-se memória banida (ilusão, já que ainda não foi-se de vez, e na verdade nunca irá; tudo que passa por mim fica; se foi forte o suficiente para me atingir, me cativar não será enfraquecido pelo tempo, pela distância ou por qualquer fato circunstancial e irrelevante) tenho idealizado, imaginado, procurado quem poderia se instaurar como razão de meus pensamentos... Até houve, no meio , hoje eu vejo que milimetricamente no meio exato, uma possibilidade. Hoje, em mais um dezembro, o primeiro do resto de todos que virão, vejo dois dos caminhos que norteiam a vida de um homem, o passado e o presente, chocarem-se, entrarem em leve atrito, num quase soltar de faíscas. E constato, mais uma vez, que os simbolismos nunca desistem de mim. Embora, dessa vez, tenham conseguido ir além... além mesmo do que eu costumo ir.

Mais uma vez o mar rege minha existência, marca o meu sentir com suas ondas ora revoltas, ora serenas... Esse ponto de equilíbrio que parece inatingível e ao mesmo tempo tão familiar revela-se exato no meio do oceano, na mais profunda solidão e paz que posso experimentar...

Agora... volto à minha infância! Vejo com exatidão, tão nítida que chego a sentir uma onda de eletricidade por todo o meu corpo. (Ela causava espasmos em mim quando precipitava-se sobre meu pescoço e sedenta por exercer seu domínio, explorava meus pontos fracos e tirava meus sentidos.) (Você, hoje, não precisa nem falar, nem se mover, nem cantar, nem sorrir, sequer me olhar fundo nos olhos com os que me hipnotizaram desde o primeiro momento – ainda que eu não tivesse plena consciência do que fosse aquilo, pois não poderia nomear o inominável - , basta estar para que uma corrente de energia percorra todo esse corpo que é refém de ti.) Chego a ficar comovido , tenho vontade de soltar um lamento, ao me imaginar com cerca de dez anos submerso no azul , ouvidos sob a água, mergulhado em um silêncio tão arrebatador que nada mais parecia existir, tudo estava concentrado ali, naquele instante; eu parecia de alguma forma desprender-me de mim mesmo e flutuar...

Portanto, sintomático que o mar seja algo mais a nos unir, que represente nosso repouso , nosso pouso de encontro... que determine o ritmo de nosso caminhar... Mas, poderia ser qualquer outro lugar, o primeiro ou o penúltimo andar... O mar... Minha casa, tua casa. Minha base, tua base. Tua sede, minha sede. Sede de liberdade, de plenitude entre os dois azuis...

Ela não vai mais voltar. Você , hoje, aqui está. Tenho medo de acordar. (Você sabe, tenho medo de acordar. Sabe como é, ser contemplado com tanto, sem esperar; ser correspondido, sem imaginar...) Mas, não devo me preocupar. Sei que não vou me afogar. (Ainda que um dia sem ti, ainda sem poder prever onde isso vai parar, o quanto vai durar, como vai terminar, onde vamos desaguar.) Pois tal qual peixinho desde cedo aprendi a nadar.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Identidade


Eu sempre soube muito bem quem sou
De onde vim, para onde vou
Sei que não estacionarei onde estou
Que não ficarei mais tempo assim
Que há muito mais destinado a mim.

Eu sempre prezei cada cicatriz
Cada tentativa em vão, cada respirar por um triz
Sempre soube que em cada incerta diretriz
Havia, implícito, um lampejo de superação
Havia, persistente, um amanhã em construção.

Ainda assim, foi torturante despencar do precipício
Mergulhar na meia-noite interminável
Não mais reconhecer meu próprio rosto
Perder o gosto, tornar-me fosco
Sentir nas entranhas o vazio inesgotável
Quase desejar ser fictício
Tornar-me um aposto, perder meu posto
Tatear no escuro, trôpego, em suplício
Tentar entender, pasmo, o inexplicável.

Porém, alguns insistem, nunca desistem
Pois que indômitos são seus sentimentos...
Pois que ávido é seu querer...

Percebo, então, que passaram dois Natais
Já é hora de recuperar o que foi perdido
Controlar o leme, ao vento me aprumar
Permitir que o novo sorria-me novamente.

E ele sorri
Inacreditavelmente, surpreendentemente
Simplesmente sorri.
E me ensina onde vou chegar
Torna meus devaneios plenos de sentido
Converte-me em abrigo, divide seu mar comigo
Instaura-se como minha prioridade, subverte os meus jamais.

E não foi preciso dizer o que eu nunca diria (Embora tantas vezes eu tenha dito)
Ou fazer entender o que nem eu sabia (E acho que ainda nem sei)
A própria vida encarrega-se, às vezes, de fazê-lo
Naturalmente, como um presente, com todo zêlo
Então, só me resta seguir, comovido e agraciado
Junto ao que me cativa, como encantado
Revigorado, purificado, triunfante
Pronto para ao lado,
Do que mais amo, ir adiante.